terça-feira, 10 de maio de 2011

Quando a morte fala mais alto…

Nestes dias estou, ingenuamente, assustado com a repercussão que teve a morte de Osama Bin Laden. Ingenuamente, porque não seria de se esperar de mim tal susto, mas o problema que se criou foi a coincidência de épocas e fatos: Páscoa, beatificação de João Paulo II e morte de Bin Laden.
A morte continua sendo o grande enigma da vida humana. No passado, para chegar a uma resposta sobre o tema, os seres humanos apelavam para a reencarnação ou outra explicação espiritualizante. Com o advento do cristianismo, ouvimos o discurso claro da ressurreição. Na verdade, como vemos no Segundo Testamento, esse é o novo e insistente anúncio da Igreja: Ele vive! Atualmente, o enigma continua a bater em nossa porta e depois de séculos de vida cristã, chama-me a atenção que a nossa evangelização ainda se mostra falha, sobretudo neste aspecto.
Vejamos dois exemplos: Uma pesquisa internacional mostra o Brasil como a nação não muçulmana onde mais se acredita em Deus. Por outro lado, o Brasil está entre as nações que mais crê em reencarnação e somente cerca de metade dos brasileiros acredita na ressurreição. Se isto já entristece, saibamos que entre os freqüentadores habituais da missa dominical na Itália, somente 30% acredita na ressurreição de Jesus. Falhamos naquilo que é mais inquietante na vida humana (o fim da vida, a morte) e naquilo que é essencial no cristianismo, a ressurreição. Se não conseguimos convencer que há vida pós morte, como fazer para anunciar que o evangelho traz vida já nessa nossa existência terrena?
A noticia que chama a atenção no mundo de hoje é aquela sobre morte (violência) e prazer (sexo, magia). Basta ver quais filmes fazem sucesso e que literatura mais se vende. Por esse motivo tem mais repercussão a morte de Bin Laden que a Páscoa do Senhor ou a vida doada de João Paulo II. Afinal o que é a vida, o amor, a doação, diante do espetáculo de uma super potência que busca um homem por dez anos, encontra-o e, ato contínuo, mata-o sem julgamento?
A repercussão do fato na mídia faz ver o tanto de ilusão que absorvemos, fruto de uma sociedade não crítica, que acredita em tudo que ouve. Esquecemos de fazer perguntas básicas. Verdadeiramente, não teria sido possível encontrá-lo nesses dez anos? Quem mais matou na história humana, os EUA ou a Al Qaeda? Com essa morte o terrorismo chegou ao fim? È justa tal comemoração de uma vingança?
Seguramente, a morte de Bin Laden é mais que um símbolo [político / imperialista], não uma causa que possa produzir efeito vivificador. É um passo a mais na inqualificável separação entre oriente e ocidente, muçulmanos e cristãos, que são promotores e vitimas de seculares guerras.
Pensemos, no entanto, na morte esquecida de Cristo e na Sua vida não celebrada, aquela que foi causa da nossa salvação. O novo Adão não ressuscitou para si somente, mas para dar a vida por todos.
Que a Páscoa, que não se reduz a alguns dias, seja para cada um de nós, celebração da vida. E a vida se celebra a cada momento, sem deixar-se perder nenhuma gota do grande amor que Deus derramou nos nossos corações.

Um comentário:

  1. A ressurreição do Senhor nos ensina a mais sublime verdade sobre a vida, sua imortalidade; sem essa graça, a única certeza que teríamos é que estamos vivos e vamos morrer...Porém, a partir do nosso batismo, temos a firme convicção que Cristo nos ressuscitou com Ele; e porque somos portadores dessa sua graça, testemunhamos que já fazemos parte da nova criação...Paz e Bem!

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