domingo, 27 de dezembro de 2009

TUTTO CONCORRE AL BENE DI COLORO CHE AMANO DIO


Estava distante estes dias, esta foi uma razão do meu silêncio.
Nestes dias eu tive a graça de fazer aquele que considero o melhor retiro da minha vida (até hoje, naturalmente). Sozinho, longe de todos e de tudo, sem a preocupação com preparar retiro para os outros, abandonado na Palavra de Deus.
Quando ainda estava em Brasília, tivemos um retiro que foi animado pelo Frei Agostino Gardin, pessoa que me foi sempre vizinha, e muito mais desde quando aqui cheguei. Naquele retiro ele citou muitas vezes um tal Enzo Bianchi, até aquele momento desconhecido para mim. Fiquei sempre profundamente impressionado com a sua afirmação sobre o perigo da falta de fé no “homem religioso”, e usei este testo mil vezes para pregar retiro para outras pessoas.
Quando Deus me deu a graça de uma profunda crise que me abalou naquilo que eu mais acreditava (vida fraterna), eu comecei a escutar muito aquilo que pregava para os outros. Naquele momento o discuso da falta de fé me veio aos ouvidos como uma grande auto-crítica. Foi neste momento que repensei a minha vida já “repensada” e resolvi pedir ao Ministro Geral que me enviasse a qualquer lugar. Bom, vocês sabem onde vim parar, e não canso de afirmar que este tem sido o momento da graça do Senhor na minha vida.
Desde quando cheguei aqui eu tenho escutado Enzo Bianchi, tenho no meu computador todas as conferências que ele prega em Bose, e quando trabalho ou faço esportes eu o escuto no MP3. Penso que é uma graça de Deus quando se encontra alguém que se torna um pai espiritual, e eu encontrei. Adquiri sempre mais uma profunda identificação com o pensar deste homem. Eu dei crédito a ele, primeiramente porque Gardin me indicou, eu eu tenho grande apresso e admiração por este, e hoje tenho também por Bianchi.
Quem é Enzo Bianchi? Aqui na Itália eu penso que é a personalidade eclesial mais escutada. É um leigo, e cada vez mais me vai confirmado que são estes que chamam a Igreja a conversão. Hoje ele tem 64 anos, mas na sua juventude era já um “buscador de Deus”. Filho de pai ateu, ele foi desde menino educado pela mãe para ter uma vida de união com Deus. Fez a faculdade de economia no meio dos professores ateus do seu tempo, mas sempre manteve viva a sede de Deus. Daí que saiu pelo mundo buscando conhecer as diversas religiões, sem nunca colocar em dúvida a sua própria. Nele se encontra uma rara sintese de homem de cultura e homem de fé.
Um dia ele foi ajudar um amigo a restaurar a Igreja de São Segundo, em Bose. Ali encontrou uma vila abandonada, e resolveu ficar e fazer um caminho de seguinto de Jesus, valorizando sobretudo a Palavra de Deus. Três anos depois vieram duas pessoas pedindo para viver com ele a mesma experiência: uma jovem católica italiana e um pastor protestante sueco. Nasce assim a comunidade mista e ecumênica de Bose.
Depois de quarenta anos, Bose tem 70 monges. Uma comunidade ecumênica de homens e mulheres, católicos e outros cristãos. A grande força daquela comunidade é a Palavra de Deus. Com Enzo nestes meus 7 meses em Camposampiero, e sobretudo nestes dias de retiro, eu aprendi a revalorizar a Palavra de Deus, e sobretudo a fazer uma lectio divina, que indico para todos como único caminho possivel de conversão e de espiritualidade.
Escolhi ir para Bose, local onde pretendo voltar algumas vezes, quando não havia um retiro para um grupo. Ali fiquei de domingo a domingo. Quis estar só, participei das orações da comunidade, escutei um retiro pregado por Enzo sobre as parabolas de Jesus em Lucas, fiquei só diante do Senhor rezando com a Palavra de Deus (Lectio Divina), participei da Lectio da comunidade e tive encontros pessoais com Enzo Bianchi (isto foi um milagre). Primeira vez o encontrei, um homem muito interessante, que mais que dar respostas, ele tem a capacidade de escutar o outro com atenção e sem se impacientar. Ao final com poucas palavras, em geral usando a Palavra de Deus, ele resume o que pensa. Para mim disse: “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus!” (Rm 8). Amém! É verdade, posso dizer isto com toda força do meu coração.
Hoje está difícil resumir, mas me forçarei a terminar assim: no Brasil eu aprendi a ter grande admiração pelas comunidades laicais, isto eu ja disse antes. A comunidade de Bose me colocou novamente diante da realidade de leigos que se amam e querem viver o Evangelho, e me chamou ainda mais a atenção por ser ecumênica, mista, fundada na Palavra de Deus, nos Santos dos primeiros séculos (Padres da Igreja) e nas Regras da vida religiosas do oriente e do ocidente, entre elas São Francisco e Santa Clara. É uma realidade que vale a pena conhecer: cativante e desafiadora (http://www.monasterodibose.it).
Um abraço, ainda com votos de Feliz Natal e um ano novo cheio de Deus.