No nosso último encontro eu lhes falava da minha interrogação diante do falimento da instituição seminário: qual poderia ser a mudança substancial? Durante muito tempo, sobretudo tendo a graça de viver um pouco de tudo na minha vida, eu me perguntava para onde se deveria deslocar o eixo, o essencial, da formação seminarística, deixando de lado o eixo intelectual, que é aquele que domina hoje. A primeira conclusão é que este eixo deveria ser a espiritualidade, a bíblia ou a liturgia.
Num segundo momento eu vi que a liturgia é o mais englobante, pois ela contém a espiritualidade e a bíblia, além de que a espiritualidade sem a liturgia se torna algo egoísta e a bíblia sem a liturgia se torna facilmente instrumentalizada.
Chegando na faculdade eu comecei logo nos primeiros dias a buscar um orientador e gostei dos textos de um professor. Conversei com ele, Giorgio Bonaccorso, um monge de Santa Giustina que se interessou muito pelo tema e fez algumas indicações. Me dizia que não é a liturgia em geral que é formativa, mas é o rito. Ele trabalha com pedagogos na Universidade de Pádua e me dizia que hoje existe um consenso entre eles: a falta de rito está fazendo com que a família não consiga mais formar o filho, a escola não forma o aluno e a sociedade não forma o cidadão.
O tema do rito é hoje comum na psicologia, pedagogia, sociologia e antropopologia. Bonaccorso me fazia ver que o problema não é só no seminário, mas é o mesmo na vida consagrada, na catequese, na família e na sociedade.
A minha tese de mestrado buscará colocar a importância da revalorização do rito em prol da formação para a vida consagrada e sobretudo sacerdotal.
Até breve. Um abraço e bênçãos de Deus.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
Mestrado em Liturgia
Quero partilhar com vocês a minha vida acadêmica. Voltar ao banco escolar depois de anos de distância não é uma tarefa fácil: sinto o cansaço desta tarefa, mas confesso-lhes que estou cheio de entusiamo com o meu curso.
O curso é um mestrado em liturgia com especialização em pastoral, na Abadia Beneditina de Santa Giustina. Na cidade de Pádua tem três mestrados: espiritualidade, liturgia e pastoral. Eu tenho aulas de segunda a quarta-feira, assim é pensado para facilitar a vida dos párocos que fazem o curso.
Quando ouvem que faço mestrado em liturgia, é comum que as pessoas me façam perguntas sobre celebrações, na verdade isto não é tema do meu mestrado. A faculdade de Santa Giustina se interessa pelo estudo do rito no seu aspecto antropológico e fenomenológico, daí que temos poucos cursos voltados para teologia da celebração.
Escolhi esta faculdade porque vinha em resposta a uma reflexão que faço há alguns anos e agora muito mais: existe um consenso no mundo eclesial que o problema da atual formação para o presbiterato e vida religiosa está numa fase anterior – na falta de formação humana e cristã. Eu concordo com isto, mas sempre mais tenho a impressão que o seminário (ou casa de formação) não consegue formar o ser humano, o cristão ou o consagrado. Fundamentalmente, penso que o seminário, como pensado pelo Concílio de Trento, já cumpriu seu papel e não tem muito mais a oferecer à Igreja de hoje, os frutos destes seminário pipocam no mundo atual.
Me explico de modo melhor: sou convicto que o equívoco do seminário nos moldes de Trento está no fazer o eixo formativo recair sobre a formação intelectual. Ora, o intelecto não forma a pessoa, que é conduzida sobretudo pela vontade. A partir de tal percepção eu sempre me perguntei qual deveria ser o eixo formativo do seminário. É a esta pergunta que buscarei responder com a tese de mestrado.
Nos vemos depois. Na ocasião iremos aprofundar sobre o que propriamente irei tratar na minha tese.
Boa semana e fiquem com Deus.
PS.: Irei postar sempre algo no domingo e na quarta-feira.
O curso é um mestrado em liturgia com especialização em pastoral, na Abadia Beneditina de Santa Giustina. Na cidade de Pádua tem três mestrados: espiritualidade, liturgia e pastoral. Eu tenho aulas de segunda a quarta-feira, assim é pensado para facilitar a vida dos párocos que fazem o curso.
Quando ouvem que faço mestrado em liturgia, é comum que as pessoas me façam perguntas sobre celebrações, na verdade isto não é tema do meu mestrado. A faculdade de Santa Giustina se interessa pelo estudo do rito no seu aspecto antropológico e fenomenológico, daí que temos poucos cursos voltados para teologia da celebração.
Escolhi esta faculdade porque vinha em resposta a uma reflexão que faço há alguns anos e agora muito mais: existe um consenso no mundo eclesial que o problema da atual formação para o presbiterato e vida religiosa está numa fase anterior – na falta de formação humana e cristã. Eu concordo com isto, mas sempre mais tenho a impressão que o seminário (ou casa de formação) não consegue formar o ser humano, o cristão ou o consagrado. Fundamentalmente, penso que o seminário, como pensado pelo Concílio de Trento, já cumpriu seu papel e não tem muito mais a oferecer à Igreja de hoje, os frutos destes seminário pipocam no mundo atual.
Me explico de modo melhor: sou convicto que o equívoco do seminário nos moldes de Trento está no fazer o eixo formativo recair sobre a formação intelectual. Ora, o intelecto não forma a pessoa, que é conduzida sobretudo pela vontade. A partir de tal percepção eu sempre me perguntei qual deveria ser o eixo formativo do seminário. É a esta pergunta que buscarei responder com a tese de mestrado.
Nos vemos depois. Na ocasião iremos aprofundar sobre o que propriamente irei tratar na minha tese.
Boa semana e fiquem com Deus.
PS.: Irei postar sempre algo no domingo e na quarta-feira.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Primeira experiência de Semana Santa
Paz e Bem!
Tenho tido uma vida muito cheia de atividades. Confesso que depois de anos de correria, já aprendido a gostar da quietude que vivi nos meus 9 primeiros meses em Camposampiero. Como lhes falei anteriormente, no mesmo período eu tive que assumir atividades pastorais aqui no santuário e começar o mestrado em liturgia na Abadia de Santa Justina em Pádua.
A minha semana santa foi intensa de confissões. O meu convento é a penitenciaria (lugar de confissões) da diocese de Treviso. Temos sempre pessoas que vêm se confessar aqui, e por isto temos uma escala periodica de atendimentos, eu estou no confessionário duas na quinta-feira e duas na sexta, ao passo que os confessores ordinários estão todos os dias. Eu, como sabem, estou aqui sobretudo para estudar.
Na semana santa trabalhamos em multirão, porque era uma multidão de pecadores. Estive no confessionário de domingo de ramos a sábado santo, das 9h as 19h, exceto quando tive que sair para celebrar fora. Eu celebrei em geral na casa de repouso de Camposampiero, exceto na quinta-feira santa que celebrei numa casa de deficientes mentais.
O contato com as pessoas no confessionário, mais que o altar, permite de conhecer melhor o pessoal, a cultura e a prática religiosa.
Na próxima vez falarei dos meus estudos. Grande abraço e fiquem com Deus!
Frei João de Araújo
Tenho tido uma vida muito cheia de atividades. Confesso que depois de anos de correria, já aprendido a gostar da quietude que vivi nos meus 9 primeiros meses em Camposampiero. Como lhes falei anteriormente, no mesmo período eu tive que assumir atividades pastorais aqui no santuário e começar o mestrado em liturgia na Abadia de Santa Justina em Pádua.
A minha semana santa foi intensa de confissões. O meu convento é a penitenciaria (lugar de confissões) da diocese de Treviso. Temos sempre pessoas que vêm se confessar aqui, e por isto temos uma escala periodica de atendimentos, eu estou no confessionário duas na quinta-feira e duas na sexta, ao passo que os confessores ordinários estão todos os dias. Eu, como sabem, estou aqui sobretudo para estudar.
Na semana santa trabalhamos em multirão, porque era uma multidão de pecadores. Estive no confessionário de domingo de ramos a sábado santo, das 9h as 19h, exceto quando tive que sair para celebrar fora. Eu celebrei em geral na casa de repouso de Camposampiero, exceto na quinta-feira santa que celebrei numa casa de deficientes mentais.
O contato com as pessoas no confessionário, mais que o altar, permite de conhecer melhor o pessoal, a cultura e a prática religiosa.
Na próxima vez falarei dos meus estudos. Grande abraço e fiquem com Deus!
Frei João de Araújo
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