Ola, Caríssimos,
Paz e Bem!
Hoje é o dia de Santo Inácio de Loyola, um dos grandes fundadores da vida consagrada e um pai da espiritualidade moderna. Escolhi este dia, o último do mês de julho, para dar um novo enfoque a este blog, que até agora era uma partilha da minha vida e a partir de agora buscará somar algumas reflexões mais pontuais.
A igreja, ao longo dos seus dois mil anos, acumulou diversas formas de espiritualidade que, nascidas na vida consagrada, transbordaram para o mundo dos leigos, e em um lugar e outro produziram frutos fecundos. Se pensarmos na história iremos nos reportar à espiritualidade monástica, à mendicante – entre elas a franciscana, e a espiritualidade inaciana. A colaboração de cada uma pode ser sintetizada assim: a espiritualidade monástica colocou o elemento do “só Deus”, para isto ajudava a fuga do mundo; os mendicantes acrescentaram elementos como fraternidade, pobreza, castidade e obediência, e a espiritualidade inaciana acrescentou os tempos de retiro e métodos.
A espiritualidade Franciscana é mais do que a espiritualidade de Francisco, é a espiritualidade de uma família na qual Francisco está presente como membro, como pai e como irmão. Esta forma de espiritualidade foi sempre avessa ao método, no sentido inaciano. Pessoalmente, como era de se esperar eu sou um apaixonado por esta forma de espiritualidade, sem, no entanto, deixar de reconhecer o valor de outras formas de espiritualidade para outras pessoas. Penso que aqui está o segredo: de absoluto nós temos poucas coisas que devem ser uniformes entre todos, a maioria da coisas pelas quais brigamos para uniformizar, podem e devem ser diferentes – mostram a força criativa do Espírito de Deus.
Acredito que existem elementos, como aqueles antes apresentados, que podem e devem ser assimilados por toda pessoa que quer ser de “espírito”: não há como pensar a espiritualidade sem um saber distanciar-se do mundo para buscar a Deus (o modo como entendemos este distanciar-se, deve variar); não há como pensar uma intimidade com Deus sem uma vida de fraternidade e de conselhos evangélicos (estes não são propriedades dos consagrados – ainda bem!!!) e não há como pensar em um progresso na vida espiritual sem reservar tempos fortes para o Senhor e uma certa metodologia de encontro.
Tenho tido a impressão que o desejo de encontrar uma certa segurança conceitual tem marcado muito a nossa época, daí a busca de projetos, métodos e formas de mensurar o crescimento e estabelecer metas. Por isto a força que na nossa modernidade têm as formas de espiritualidade ligadas aos jesuítas, como por exemplo a Renovação Carismática. Sem menosprezar o seu valor como espiritualidade, mas desejando provocar uma reflexão, manifesto a minha impressão de tantos anos: nós franciscanos não estamos conseguindo apresentar Francisco ao mundo de hoje, pois se o fizéssemos ele atrairia de um modo espetacular, pois o Irmão de Assis é um figura humana e cristã extraordinária, que responde aos anseios do ser humano de hoje.
Cansei de ouvir pessoas fazerem um pérfido comentário: “Francisco, sim; mas as ordens franciscanas, não!” Talvez, mas do que as nossas preocupações de salvar as instituições, devemos pensar em saber apresentar o carisma, a pessoa de Francisco para o mundo de hoje, pois ele não pertence aos “franciscanos” mais vai mais além das ordens e do mundo cristão.
Vivemos um momento de uma significativa diminuição numérica dos membros das ordens franciscanas que parecem realizar o desejo de Francisco expresso em Celano: “Oh! Se fosse possível que o mundo só visse os frades raramente e se admirasse de serem tão poucos!” (70b). É este o momento ideal para percebermos que as ordens religiosas, mais que a Igreja, são transitórias, o que importa é o carisma de Francisco: é mais significativo um carisma sem ordens, do que ordens sem carisma. A salvação numérica os institutos passa pela volta ao carisma do fundador, ao qual nós franciscanos e franciscanos somos chamados sempre de novo.
Um abraço, cheio de ternura e bênçãos.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
Sono guarito!!!
Caríssimos,
Paz e Bem!
Como se diz na Itália: Sono guarito!!! Ontem fui ao hospital de Camposampiero e me foi tirado o gesso (na verdade algodão e gaze) e os pontos. Confesso que tinha grande curiosidade de ver meu braço, depois de um mês. Fiquei surpreendido ao ver como ele diminui com a perda de massa muscular e assustado ao ver que aqui eles não usam mais ponto com linha, mas grampeiam a cirurgia. Eu tinha vinte grampos e já imaginei a dor que seria para tirar tudo isto, mas eu nem senti eles tirarem. Resultado: não senti dor nem antes, nem durante e nem depois da cirurgia.
Agora tenho que reacostumar meu braço a se movimentar bem, depois de ficar tanto tempo parado. Dói um pouco para se mover, mas aos poucos já percebi que ele vai voltando ao normal. Planejo voltar às atividades físicas na semana que vem.
Deixei de postar o título dos livros que estou lendo porque desde quando terminei a teologia eu acalento o desejo de fazer uma leitura continuada da Palavra de Deus e agora tenho o tempo propício. Escolhi fazer não uma leitura cronológica ou na ordem que estão os livros dispostos na Bíblia, mas numa ordem escolhida por mim. Assim já li as Cartas de João, buscando contemplar o amor a Deus e ao próximo; o Evangelho de Marcos, querendo ver o primeiro anúncio do evento Jesus de Nazaré e agora, aproveitando deste meu tempo de distância, resolvi entrar no deserto com o povo de Israel, estou lendo o Êxodo. A minha amiga de infância, que vive como missionária leiga na Argentina, chamada Lúcia, resolveu aderir e iremos fazer este caminho juntos, partilhando esta lectio divina por e-mail.
Queridos, a vida continua. Entre as alegrias deste dia, partilho com vocês a reeleição de minha amiga Madre Maria Longo como superiora geral da queridas Salesianas dos Sagrados Corações.
Um beijo no coração de cada um. Continuo rezando por muitos no meu terço matinal e na missa.
domingo, 12 de julho de 2009
Rumo aos Santuários
Paz e Bem!
Perdão pelo silêncio, mas estava longe por vários dias. Aceitei sair de casa porque é difícil dizer não a quem se ama: viajei alguns dias com os amigos da Comunidade Doce Mãe de Deus pela Itália e França.
Estou agora no trem, de Milão para Pádua, e aproveito para escrever.
No dia 30 de junho, chegaram à minha casa Inaldo, Ir. Marliane, Paulo e Naide, Gabriel e Clara, e Adielson. Chegaram de carro de Milão e me roubaram por alguns dias. Eles voltaram ao Brasil no dia 9 de julho e eu comecei a longa viagem de volta para casa: no total foram 9 horas de trem, mas teve muitas outras nas estações de Vintemiglia, Milão e Pádua. Ahh! Aproveitei para ver Isabela (minha sobrinha) em Milão.
Posso dizer que não conheci quase nada de novo na viagem, mas quero partilhar com vocês algumas impressões:
- Assis: como ir a Assis e não ficar de algum modo transformado!? Já perdi as contas das vezes que ali estive. Desta vez fiz a visita guiada pela primeira vez, o guia foi o universalmente reconhecido como simpático Frei Vogran. Ficamos hospedados no primeiro convento franciscano – Rivotorto.
- Lourdes: é um santuário mariano muito belo, e não falo somente de arquitetura, mas do clima de fé que se respira ali. Foi a oportunidade que tive para agradecer a minha Mãe Imaculada por todos os presentes que me deu nos últimos tempos. Ela sabe o quanto a amo.
- Gassin: esta parte pra mim foi nova. Conheci a comunidade e o trabalho dos seis membros da CDMD que trabalham ali. Se bela é a paisagem do Golfo de Saint Tropez, devo dizer que muito mais belo é o trabalho e o desafio evangelizador vivido por eles.
Agradecido a Deus, voltei para meu refúgio, como lobo (assim o dizia São Francisco), no dia 11 de julho.
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