Nestes dias estamos comemorando o Pobrezinho de Assis, uma pessoa tão reconciliada consigo mesmo, com Deus e com as criaturas que acaba por extrapolar os confins do mundo católico, para ser atrativo a outros cristãos e a outras pessoas.
Gosto sempre de recordar como fiquei impressionado quando visitei Assis pela primeira fez. Era o ano 1996 e eu fiquei estupefato com o grande número de budistas que estavam em oração silenciosa na tumba de Francisco. Enquanto os cristãos faziam barulho nas basílicas superiores, eles estavam lá, não para encontrar-se com a arte, mas para se encontrarem com Francisco.
Depois, ao longo dos anos, eu fui me deixando atrair sempre mais por esta figura. Primeiramente, foi lendo os Fioretti que fiquei encantado por Francisco, a ponto de pedir para entrar no postulantado do Jardim da Imaculada. Depois, sobretudo a formação do noviciado, me moveram para aceitar plenamente este homem e sua espiritualidade. Acredito que a isto eu devo ter suportado uma série de coisas.
É interessante porque quando se lê as biografias medievais, elas tendem a fazer uma imagem do santo tão angelical que acabam produzindo no leitor o sentimento de que é impossível chegar a ser assim. Devemos reconhecer que esta tendência está presente na hagiografia de Francisco, mas ao mesmo tempo deixa escapar um Francisco muito humano, simpático, dócil, terno e vigoroso. Francisco é um santo simpático, não é como alguns que nos provocam uma distância quando queremos conhecer a sua vida.
A sua grandeza nos coloca diante do imenso desafio que é atualizar o seu carisma no mundo de hoje. Na verdade penso que diante de pessoas grandes tendemos somente a repetir os gestos e formas, pois é muito difícil conseguirmos entender o essencial da sua vida. Aqui está o desafio, sempre mais instigante, para os filhos de Francisco: fazer com que a nossa vida transpareça o carisma de Francisco, sem aprisionar este carisma, que pode e deve ser vivido fora das instituições franciscanas.
Se pensarmos nos grandes desafios da modernidade: ecumenismo, diálogo, ecologia, justiça, paz, etc, e nos eternos sonhos da humanidade: encontro com Deus, auto-reconciliação, fraternidade, etc, veremos que no Irmão de Assis encontraremos uma resposta, uma direção a ser seguida, e que após tantos séculos permanece valida para nós hoje.
Que o Santo de Assis e do mundo todo nos ajude na vocação comum de seguir o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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